Ruth Amossy na USP

RUTH AMOSSY NA USP

Por Lineide do Lago Salvador Mosca (Coordenadora do GERAR)

Iniciamos o mês de fevereiro com a conferência de Ruth Amossy, a convite do FAPS (Forum de Atualização em Pesquisas Semióticas/DL) e que teve o apoio do GERAR (Grupo de Estudos de Retórica e Argumentação),1º/02/2018.

Professora emérita da Universidade de Tel-Aviv, Amossy é bastante conhecida entre nós, pois é a sua segunda vinda à USP e tem livros traduzidos para o português (Imagens de si no discurso. A Construção do ethos, org. Contexto, 2005 e, mais recentemente, Apologia da Polêmica, também pela Contexto 2017.

São noções fundamentais a destacar, ao tratar de polêmica, a questão da democracia e do espaço público. Fica claro que a polêmica, em todas as dimensões pelas quais ela possa ser focalizada, constitui o núcleo central da argumentação. Outro conceito fundamental que entra em pauta é o da polarização que anula a consideração da diferença e do outro com que se polemiza. Não se trata de uma guerra, conforme as posições adotadas podem indicar e reveladas na própria escolha das denominações e do léxico, mas de uma partilha em que a consideração do outro é de extrema importância.

Faz-se, então, necessário revisitar a Retórica, de suas origens às reformulações atuais, considerando os novos contextos em que ocorrem as interações sociais e discursivas, com diferentes visões de mundo e produto de culturas diferenciadas. Nessa trajetória, alguns pontos comuns permanecem, tais como a questão da racionalidade, do elemento emocional na formação dos julgamentos e da comunicação e as condições de certeza e de incerteza que permeiam os diversos posicionamentos. Considera-se em nossos dias a possibilidade de coexistência de posições opostas, cabendo promover a gestão dos conflitos e dos confrontos decorrentes dessa diversidade, o que se dá no próprio decorrer da interação na busca da solução mais razoável.

Amossy analisa situações polêmicas, tiradas do cotidiano e com repercussão na mídia, em debates decorrentes de situações controversas: uso de vestes muçulmanas, pagamento de impostos pelos artistas, caso de Depardieu, diabolização do outro no caso de Chaves, o debate Macron/Mélanchon e outros.

A Conferencista discutiu também o papel das ruas e do povo, acenando para a possibilidade de coexistência do dissenso, mediante diálogo entre as partes e busca da convivência.

Tenho apresentado diversos desses enfoques em trabalhos no Brasil e no exterior, apresentados em Chicago e em Tübingen/GE (na ISHR), assim como em Mendoza e Tucumán, na Argentina (AAR), em São Paulo e Curitiba (SBR), e em outras Universidades do Brasil, como Aracaju, Ribeirão Preto, Franca e Batatais, entre outras, a convite dessas entidades, especialmente aqueles que tocam questões de identidade e em que o Nós e o Eles se dicotomizam.

Torna-se hoje de vital importância refletir sobre a questão da democracia, da legitimidade dos poderes, do desvirtuamento dos valores, herdados do passado histórico em que tais conceitos eram cultivados e ganharam forma na vida social e política das coletividades. Nesses campos, fica também aberto o debate.

Lineide do Lago Salvador Mosca

Coordenadora do GERAR

Ivã Lopes, em nome do FAPS, fazendo a apresentação de Ruth Amossy, por ocasião de sua conferência na USP, em 01 de fevereiro de 2018.

 

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